Quantas vezes você se perguntou “quem?” ao ouvir que certo clube contratou determinado jogador? Isso acontece com muitas pessoas até nas convocações para a Seleção Brasileira e o principal motivo é que nossos jovens saem cada vez mais cedo do país em busca do sonho de se tornarem atletas profissionais. Muitos, ao não terem oportunidades nos clubes daqui, buscam o exterior para tentar atingir o objetivo de ganhar a vida e ajudar a família correndo atrás da bola.

Vejo o caso do zagueiro Alexandro, de 25 anos, e só consigo me maravilhar. Nem discuto se ele merece ou não vestir a Amarelinha, até porque não acompanho tanto o futebol francês, onde ele há três anos defende o Lille. O que realmente me chama atenção é a história de vida dele.

Nascido na comunidade do Dique II, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, desde cedo tinha o sonho de se tornar jogador profissional, como tantos garotos das nossas periferias. Mais velho de cinco irmãos, também precisava ajudar em casa, onde normalmente faltava o básico.

Depois de ar pela base do Flamengo e receber muitos “nãos” em outros clubes, aceitou o convite para tentar a sorte na terceira divisão de Portugal, primeiro no Praiense, em seguida no Amora. Depois de três temporadas, “subiu” para segunda divisão portuguesa, na qual defendeu o Chaves.

No meio de 2022, surgiu a proposta do Lille e a mudança para França. Com contrato até 2028, teve a chance de disputar a última edição da Liga dos Campeões da Europa e, nela, enfrentar o Real Madrid, então comandado por Carlo Ancelotti. No jogo em território francês, ajudou na vitória por 1 a 0 sobre o todo poderoso time merengue.

Foi o suficiente para chamar a atenção do treinador, que assumiu a Seleção Brasileira e o chamou para dois jogos pelas Eliminatórias Sul-Americanas. Na apresentação, no começo desta semana, não só realizou um sonho como se reencontrou com ex-companheiros da base rubro-negra, o goleiro Hugo Souza e o atacante Vinicius Júnior, com quem dividia os gramados, o vestiário e a escola em Vargem Grande, no Rio.

Que Alexsandro consiga aproveitar a chance e se firme cada vez mais como atleta. E que ajude não só os irmãos e outros familiares, como inspire as milhares de crianças que aspiram se tonarem atletas profissionais.

“Meu percurso foi na Europa, joguei pouco tempo no Brasil. Isso me fez crescer. A caminhada na Europa também foi difícil, sem minha família. Hoje, estar na Seleção é um privilégio. Poucos têm essa oportunidade. Quero agarrar a chance, da mesma forma que agarrei todas as oportunidades que tive na vida. Quando não tive, fiz acontecer. Quero trabalhar, me dedicar, ganhar meu espaço para dar continuidade aqui na Seleção”, disse o defensor, em sua primeira entrevista coletiva no Escrete Canarinho, na qual se emocionou algumas vezes.


EXPECTATIVA

Os jogos das seleções provocaram a parada das principais disputas de clubes, que voltarão a ser interrompidas pelo Mundial de Clubes da Fifa a partir de 14 de junho. A pausa pode ser bem aproveitada pelas equipes, mas tenho a impressão que os cruzeirenses preferiam que isso não ocorresse. O time atravessa grande fase na temporada, vem de vitória muito boa sobre o Palmeiras, até então líder do Campeonato Brasileiro, e, provavelmente, gostaria de seguir em ação. Como não é possível, que o técnico Leonardo Jardim dê um jeito de manter seus comandados mobilizados e o time na melhor forma.

 

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